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Page 9
--� tempo de lhe abrir o meu cora��o, prima. Est� bem disposta a
ouvir-me?
---Eu estou sempre bem disposta a ouvil-o, primo Balthazar.
A desplicencia enfadosa d'esta resposta abalou algum tanto as convic�es
do fidalgo, respeito � innocencia, modestia e acanhamento de sua prima.
Ainda assim quiz elle no momento persuadir-se que a boa vontade n�o
poderia exprimir-se d'outro modo, e continuou:
--Os nossos cora�es penso eu que est�o unidos; agora � preciso que as
nossas casas se unam.
Thereza impallideceu, e baixou os olhos.
--Acaso lhe diria eu alguma coisa desagradavel?!--proseguiu Balthazar,
rebatido pela desfigura��o de Thereza.
--Disse-me o que � imposs�vel fazer-se--respondeu ella sem turva��o--O
primo engana-se: os nossos cora�es n�o est�o unidos. Sou muito sua
amiga, mas nunca pensei em ser sua esposa, nem me lembrou que o primo
pensava em tal.
--Quer dizer que me aborrece, prima Thereza?--atalhou corrido o morgado.
--N�o, senhor: j� lhe disse que o estimava muito, e por isso mesmo n�o
devo ser esposa d'um amigo a quem n�o posso amar. A infelicidade n�o
seria s� minha...
--Muito bem... Posso eu saber--tornou com refalsado sorriso o
primo--quem � que me disputa o cora��o de minha prima?
--Que lucra em o saber?
--Lucro saber, pelo menos, que a minha prima ama outro homem... �
exacto?
--�.
--E com tamanha paix�o que desobedece a seu pae?
--N�o desobede�o: o cora��o � mais forte que a submissa vontade de uma
filha. Desobedeceria, se casasse contra a vontade de meu pae; mas eu n�o
disse ao primo Balthazar que casava; disse-lhe unicamente que amava.
--Sabe a prima que eu estou espantado do seu modo de dizer!... quem
pensaria que os seus dezeseis annos estavam t�o abundantes de
palavras!...
--N�o s�o s� palavras, primo--retorquiu Thereza com gravidade--s�o
sentimentos que merecem a sua estima, por serem verdadeiros. Se lhe eu
mentisse ficaria mais bem vista de meu primo?
--N�o, prima Thereza; fez bem em dizer a verdade, e de a dizer em tudo.
Ora, olhe, n�o duv�da declarar quem � o ditoso mortal da sua
preferencia?
--Que lhe faz saber isso?
--Muito, prima: todos temos a nossa vaidade, e eu folgaria muito de me
v�r vencido por quem tivesse merecimentos que eu n�o tenho aos seus
olhos. Tem a bondade de me dizer o seu segredo, como o diria a seu primo
Balthazar, se o tivesse em conta do seu amigo intimo?
--N'essa conta � que eu o n�o posso j� ter...--respondeu Thereza,
sorrindo e contando, como elle, as syllabas das palavras.
--Pois nem para amigo me quer?!
--O primo n�o me perdoa a sinceridade que eu tive, e ser� de hoje em
diante meu inimigo.
--Pelo contrario...--tornou elle com mal rebu�ada ironia--muito pelo
contrario... Eu lhe provarei que sou seu amigo, se alguma vez a vir
casada com algum miseravel indigno de si.
--Casada!...--interrompeu ella; mas Balthazar cortou-lhe logo a r�plica
d'este modo:
--Casada com algum famoso �brio ou jogador de p�o, valent�o de
aguadeiros, e distincto cavalheiro que passa os annos lectivos
encarcerado nas cad�as de Coimbra...
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