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Page 76
De manh� veio a bordo um facultativo, por convite do capit�o. Examinando
o condemnado, disse que era �maligna� a doen�a, e que bem podia ser que
elle achasse a sepultura no caminho da India.
Marianna ouviu o prognostico, e n�o chorou.
�s onze horas sahiu barra f�ra a nau. �s ancias da doen�a accresceram as
do enjoo. A pedido do commandante, Sim�o bebia remedios, que bolsava
logo, revoltos pelas contrac�es do vomito.
Ao segundo dia de viagem Marianna disse a Sim�o:
--Se o meu irm�o morrer, que hei de eu fazer �quellas cartas que v�o na
caixa?
Pasmosa serenidade a d'esta pergunta!
--Se eu morrer no mar--disse elle--Marianna atire ao mar todos os meus
papeis; todos; e estas cartas que est�o debaixo do meu travesseiro
tambem.
Passada uma ancia, que lhe embargara a voz, Sim�o continuou:
--Se eu morrer, que tenciona fazer, Marianna!
--Morrerei, senhor Sim�o.
--Morrer�?!.. Tanta gente desgra�ada que eu fiz!...
A febre augmentava. Os symptomas da morte eram visiveis aos olhos do
capit�o, que tinha sobeja experiencia de v�r morrerem centenares de
condemnados, feridos da febre no mar, e desprovidos de algum
medicamento.
Ao quarto dia, quando a nau se movia ronceira defronte de Cascaes,
sobreveio tormenta subita. O navio fez-se ao largo muitas milhas, e
perdido o rumo de Lisboa, navegou desnorteado para o sul. Ao sexto dia
de navega��o incerta, por entre esp�ssas brumas, partiu-se o leme
defronte de Gibraltar. E, em seguida ao desastre, aplacaram as refegas,
desencapellaram-se as ondas, e nasceu, com a aurora do dia seguinte, um
formoso dia de primavera. Era o dia 27 de Mar�o, o nono da enfermidade
de Sim�o Botelho.
Marianna tinha envilhecido. O commandante, encarando n'ella, exclamou:
--Parece que volta da India com os dez annos de trabalhos j�
passados!...
--J� acabados... de certo...--disse ella.
Ao anoitecer d'esse dia o condemnado delirou pela ultima vez, e dizia
assim no seu delirio:
�A casinha, defronte de Coimbra, cercada de arvores, fl�res e aves.
Passeavas comigo � margem do Mondego, � hora pensativa do escurecer.
Estrellava-se o ceu, e a lua abrilhantava a agua. Eu respondia com a
mudez do cora��o ao teu silencio, e, animada por teu sorriso, inclinava
a face ao teu seio como se fosse o de minha m�e... De que ceu t�o lindo
cahimos... A tua amiga morreu... A tua pobre
Thereza.............................
E que farias tu da vida sem a tua companheira de martyrio?... Onde ir�s
tu aviventar o cora��o que a desgra�a te esmagou... Rompe a manh�... Vou
v�r a minha ultima aurora... a ultima dos meus dezoitos annos. Offerece
a Deus os teus padecimentos para que eu seja perdoada... Marianna...�
Marianna collou os ouvidos aos labios roixos do moribundo, quando cuidou
ouvir o seu nome.
�Tu vir�s ter comnosco; ser-te-hemos irm�os no ceu... O mais puro anjo
ser�s tu... se �s d'este mundo, irm�; se �s d'este mundo, Marianna...�
A transi��o do delirio para a lethargia completa era o annuncio
infallivel do trespasse.
Ao romper da manh� apag�ra-se a lampada. Marianna sahira a pedir luz, e
ouvira um gemido estorturoso. Voltando �s escuras, com os bra�os
estendidos para tactear a face do agonisante, encontrou a m�o convulsa,
que lhe apertou uma das suas, e relaxou de subito a press�o dos dedos.
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