|
Main
- books.jibble.org
My Books
- IRC Hacks
Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare
External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd
|
books.jibble.org
Previous Page
| Next Page
Page 73
--Falle, senhor Sim�o!--disse o commandante--desafogue e chore.
--Chorei, senhor!
--Eu n�o tinha imaginado uma angustia igual � sua. A inven��o humana n�o
creou ainda um quadro t�o atroz. Arripiam-se-me os cabellos, e tenho
visto espectaculos horriveis na terra e no mar.
Acintemente, o commandante estava provocando Sim�o ao desabafo. N�o
respondia o degredado. Ouvia os solu�os de Marianna, e tinha os olhos
postos no masso das cartas, que pozera sobre uma banqueta.
O capit�o proseguiu:
--Quando em Miragaya me contaram a morte d'aquella senhora, pedi a uma
pessoa relacionada no convento, que me levasse a ouvir d'alguma freira a
triste historia. Uma religiosa m'a contou; mas eram mais os gemidos que
as palavras. Soube que ella, quando desciamos na altura do Oiro,
proferira em alta voz: �Sim�o, adeus at� � eternidade!� e cahiu nos
bra�os d'uma criada. A criada gritou, e outras foram ao mirante, e a
trouxeram meia-morta para baixo, ou morta, melhor direi, que nenhuma
palavra mais lhe ouviram. Depois contaram-me o que ella pen�ra em dois
annos e nove mezes n'aquelle mosteiro. O amor que ella lhe tinha, e as
mil mortes que ella ali padeceu, de cada vez que a esperan�a lhe morria,
Que desgra�ada menina, e que desgra�ado mo�o o senhor �!
--Por pouco tempo...-- disse Sim�o, como se o dissesse a si proprio, ou
a propria imagina��o o estivesse dialogando comsigo.
--Creio, creio, por pouco tempo--proseguiu o capit�o;--mas se os amigos
podessem salval-o, senhor, eu dar-lh'os-ia na India mais fieis que em
Portugal. Prometto-lhe, sob minha palavra de honra, alcan�ar do visorei
a sua resid�ncia em G�a. Prometto segurar-lhe um decente principio de
vida, e as commodidades que fazem a existencia t�o saudavel como ella �
na Asia. N�o o intimide a ideia do degredo, senhor Sim�o. Viva, fa�a por
vencer-se, e ser� feliz!
--O seu silencio, por piedade, senhor...--atalhou o degredado.
--Bem sei que � c�do ainda para planisar futuros. Desculpe � sympathia,
que me inspira, a indiscri��o. Mas aceite um amigo n'esta hora
atribulada.
--Aceito, e preciso d'elle.... Marianna!--chamou Sim�o--Venha aqui, se
este cavalheiro o permitte.
Marianna entrou no quarto.
--Esta mulher tem sido a minha providencia--disse Sim�o--Porque ella me
valeu, n�o senti a fome em dois annos e nove mezes de carcere. Tudo que
tinha vendeu para me sustentar e vestir. Aqui vai comigo esta creatura.
Seja respeitavel aos seus olhos, senhor, porque ella � t�o pura como a
verdade o deve ser nos labios d'um moribundo. Se eu morrer, senhor
commandante, aceite o legado de a amparar com a sua caridade como se
ella fosse minha irm�. Se ella quizer voltar � patria, seja o seu
protector na passagem.--E estendendo-lhe a m�o, disse com
transporte:--Promette-me isto, senhor?
--Juro-lh'o.
O commandante, obrigado a subir ao tombadilho, deixou Sim�o com
Marianna.
--Estou tranquillo pelo seu futuro, minha amiga.
--Eu j� o estava, senhor Sim�o--respondeu ella.
N�o se trocaram palavra por largo espa�o. Sim�o apoiou a face sobre a
mesa, e apertou com as m�os as fontes archejantes. Marianna, de p�, ao
lado d'elle, fitava os olhos na luz morti�a da lampada oscillante, e
scismava, como elle, na morte.
E o nordeste sibilava, como um gemido, nas g�veas da nau.
CONCLUS�O.
Previous Page
| Next Page
|
|