|
Main
- books.jibble.org
My Books
- IRC Hacks
Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare
External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd
|
books.jibble.org
Previous Page
| Next Page
Page 72
Ouviu-se a voz de levar ancora, e largar amarras. Sim�o encostou-se �
amurada da nau, com os olhos fitos no mirante.
Viu agitar-se um len�o, e elle respondeu com o seu �quelle aceno. Desceu
a nau ao mar, e passou fronteira ao convento. Distinctamente Sim�o viu
um rosto e uns bra�os suspensos das r�xas de ferro; mas n�o era de
Thereza aquelle rosto: seria antes um cadaver que subiu da claustra ao
mirante, com os ossos da cara in�ados ainda das herpes da sepultura.
--� Thereza?--perguntou Sim�o a Marianna.
--�, senhor, � ella--disse n'um afogado gemido a generosa creatura,
ouvindo o seu cora��o dizer-lhe que a alma do condemnado iria breve no
seguimento d'aquella por quem se perd�ra.
De repente aquietou o len�o que se agitava no mirante, e avistou Sim�o
um movimento impetuoso de alguns bra�os, e o desapparecimento de Thereza
e do vulto de Constan�a, que elle entre-vira mais tarde.
A nau parou de fronte de Sobreiras. Uma nuvem no horisonte da barra, e o
subito encapellamento das ondas, caus�ra a suspens�o por ordem do
commandante. Em seguida, velejou da Foz uma catraia, com o piloto m�r,
que mandava lan�ar ferro, at� novas ordens. Mais tarde, deferiu-se a
sahida para o dia seguinte.
E, no entanto, Sim�o Botelho, como o cadaver embalsamado, cujos olhos
reluzentes se cravam n'um ponto immoveis, l� tinha os seus immersos na
interior escuridade do miradouro. Nenhum signal de vida, e as horas
passaram at� que o derradeiro raio do sol se apagou nas grades do
mosteiro.
Ao escurecer voltou de terra o commandante, e contemplou, com os olhos
embaciados de lagrimas, o desterrado, que contemplava as primeiras
estrellas, eminentes ao mirante.
--Procura-a no ceu?--disse o nauta.
--Se a procuro no ceu!--repetiu machinalmente Sim�o.
--Sim!... no ceu deve ella estar.
--Quem, senhor?
--Thereza.
--Thereza!... Morreu?!
--Morreu, �lem, no mirante, d'onde lhe estava acenando.
Sim�o curvou-se sobre a amurada, e fitou os olhos na torrente. O
commandante lan�ou-lhe os bra�os e disse:
--Coragem, grande desgra�ado, coragem! os homens do mar cr�em em Deus!
Espere que o ceu se abra para si pelas supplicas d'aquelle anjo!
Marianna estava um passo atraz de Sim�o, e tinha as m�os erguidas.
--Acabou-se tudo!...--murmurou Sim�o-- Eis-me livre... para a morte...
Senhor commandante--continuou elie energicamente--eu n�o me suicido.
P�de deixar-me.
--Pe�o-lhe que se recolha � camara. O seu beliche est� ao p� do meu.
--� obrigatorio recolher-me?
--Para v. s.^a n�o ha obriga�es; ha rogos: pe�o-lh'o n�o mando.
--Vou, e agrade�o a compaix�o.
Marianna seguiu-o com aquelle olhar quebrado e mavioso do j�o, quando o
poeta desembarcava, segundo a ideia apaixonada do cantor de Cam�es.
Encarou n'ella Sim�o, e disse ao commandante:
--E esta infeliz?
--Que o siga...--respondeu o compassivo homem do mar, que cria em Deus.
Sim�o recolheu-se ao beliche, e o commandante sentou-se em frente
d'elle, e Marianna ficou no escuro da camera a chorar.
Previous Page
| Next Page
|
|