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Page 65
--Leia... leia... que diz ella?
O pr�so lia mentalmente, e Marianna instou:
--Leia alto, por quem �, senhor Sim�o, que estou a tremer... e v. s.^a
descora... que �, meu Deus?
Sim�o deixou cahir a carta, e sentou-se prostrado de animo. Marianna
correu a levantar a carta, e elle, tomando-lhe a m�o, murmurou:
--Pobre amigo!... choremol-o ambos... choremol-o, Marianna, que o
amavamos como filhos...
--Pois morreu?--bradou ella.
--Morreu... mataram-no!...
A mo�a expediu um grito estridulo, e foi com o rosto contra os ferros
das grades. Sim�o inclinou-a para o seio, e disse-lhe com muita ternura
e vehemencia:
--Marianna, lembre-se que � o meu amparo. Lembre-se de que as ultimas
palavras de seu pae deviam ser a recommendar-lhe o desgra�ado que recebe
das suas m�os bemfeitoras o p�o da vida. Marianna, minha querida irm�,
ven�a a d�r que p�de matal-a, e ven�a-a por amor de mim. Ouve-me, amiga
da minha alma?
Marianna exclamou:
--Deixe-me chorar, por caridade!... Ai! meu Deus, se eu torno a
endoidecer!
--Que seria de mim!--atalhou Sim�o--A quem deixaria Marianna o seu nobre
cora��o para me suavisar este martyrio? Quem me levaria ao desterro uma
palavra amiga que me animasse a cr�r em Deus!... N�o ha de enlouquecer,
Marianna, porque eu sei que me estima, que me ama, e que affrontar� com
coragem a maior desgra�a, que ainda p�de suggerir-me o inferno! Chore,
minha irm�, chore; mas veja-me atrav�s das suas lagrimas!
VIII.
Marianna, decorridos dias, foi a Vizeu recolher a heran�a paterna. Em
propor��o com o seu nascimento bem dotada a deix�ra o laborioso
ferrador. Af�ra os campos, cujo rendimento bastaria � sustenta��o
d'ella, Marianna levantou a lage conhecida da lareira, e achou os
quatrocentos mil r�is com que Jo�o da Cruz contava para alimentar as
regalias da sua decrepitude inerte. Vendeu Marianna as terras, e deixou
a casa a sua tia, que nasc�ra n'ella, e onde seu pae cas�ra.
Liquidada a heran�a tornou para o Porto, e depositou o seu cabedal nas
m�os de Sim�o Botelho, dizendo que receava ser roubada na casinha em que
vivia, fronteira � Rela��o, na rua de S. Bento.
--Porque vendeu as suas terras, Marianna?--perguntou o pr�so.
--Vendi-as, porque n�o fa�o ten��o de l� voltar.
--N�o faz?... Para onde ha de ir Marianna, indo eu degredado? Fica no
Porto?
--N�o, senhor, n�o fico--balbuciou ella como admirada d'esta pergunta, �
qual o seu cora��o julgava ter respondido de muito.
--Pois ent�o!
--Vou para o degredo, se v. s.^a me quizer na sua companhia.
Fingindo-se surprendido, Sim�o seria ridiculo aos seus proprios olhos.
--Esperava essa resposta, Marianna, e sabia que me n�o dava outra. Mas
sabe o que � o degredo, minha amiga?
--Tenho ouvido dizer muitas vezes o que �, senhor Sim�o... � uma terra
mais quente que a nossa; mas tambem l� ha p�o, e vive-se...
--E morre-se abrazado ao sol doentio d'aquelle ceu, morre-se de saudades
da patria, morre-se muitas vezes dos maus tratos dos governadores das
gal�s, que tem um condemnado na conta de f�ra.
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