|
Main
- books.jibble.org
My Books
- IRC Hacks
Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare
External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd
|
books.jibble.org
Previous Page
| Next Page
Page 64
Voltou ao coberto a tempo que um viandante ia passando sobre a sua
possante mula. Envolvia-se o cavalleiro n'um amplo capote � moda
hespanhola, sem embargo da calma que fazia. Viam-se-lhe as botas de
coiro cru com esporas amarellas afiveladas, e o chap�o derrubado sobre
os olhos.
--Ora viva!--disse o passageiro.
--Viva!--respondeu mestre Jo�o, relanceando os olhos pelas quatro patas
da mula, a v�r se tinha obra em que entreter o espirito--A mula � de
ropia e chiban�a!
--N�o � m�. Vocemec� � que � o senhor Jo�o da Cruz?
--Para o servir.
--Venho aqui pagar-lhe uma divida.
--A mim? o senhor n�o me deve nada que eu saiba.
--N�o sou eu que devo; � meu pae, e elle foi que me encarregou de lhe
pagar.
--E quem � seu pae?
--Meu pae era um recoveiro de Gar��o, chamado Bento Machado.
Proferida metade d'estas palavras, o cavalleiro afastou rapidamente as
bandas do capote, e desfechou um bacamarte no peito do ferrador. O
ferido recuou, exclamando:
--Mataram-me!... Marianna, n�o te vejo mais!...
O assassino teria dado cincoenta passos a todo o galope da espantada
mula, quando Jo�o da Cruz, debru�ado sobre o banco, arrancava o ultimo
suspiro com a cara posta no ch�o, d'onde apont�ra ao peito do almocreve
dez annos antes.
Os caminheiros, que perpassaram pelo cavalleiro inadvertidamente,
ajuntaram-se em redor do cadaver. Josefa acudiu ao estrondo do tiro e j�
n�o ouviu as ultimas palavras de seu cunhado. Quiz transportal-o para
dentro, e correr a chamar cirurgi�o; mas um cirurgi�o estava no
ajuntamento, e declarou morto o homem.
--Quem o matou?--exclamavam trinta vozes a um tempo.
N'esse mesmo dia vieram justi�as de Vizeu lavrar auto e devassar: nenhum
indicio lhes deu o fio do mysterioso assassinio. O escriv�o dos orph�os
inventariou os objectos encontrados, e fechou as portas quando os sinos
corriam o derradeiro dobre ao cahir da lousa sobre Jo�o da Cruz.
Deus ter� descontado, nos instinctos sanguinarios do teu temperamento, a
nobreza de tua alma! Pensando nas incoherencias da tua indole, homem que
me explicas a providencia, assombra-me as caprichosas ant�theses que a
m�o de Deus infunde em alentos na creatura. Dorme o teu somno infinito,
se nenhum outro tribunal te cita a responder pelas vidas que tiraste, e
pelo uso que fizeste da tua. Mas se ha estancia de castigo e de
misericordia, as lagrimas de tua filha ter�o sido, na presen�a do Juiz
Supremo, os teus merecimentos.
Fez Josefa escrever a Marianna, noticiando-lhe a morte de seu pae, mas
sobrescriptou a carta a Sim�o Botelho, para maior seguran�a. Estava
Marianna no quarto do pr�so, quando a carta lhe foi entregue.
--N�o conhe�o a letra, Marianna... E a obreia � preta...
Marianna examinou o sobrescripto, e empallideceu.
--Eu conhe�o a letra--disse ella--� do Joaquim da loja.
--Abra depressa, senhor Sim�o... Meu pae morreria?
--Que lembran�a! Pois n�o teve ha tres dias carta d'elle? E n�o lhe
disse que estava bom?
--Isso que tem?... Veja quem assigna.
Sim�o buscou a assignatura, e disse:
--_Josefa Maria_... � sua tia que lhe escreve.
Previous Page
| Next Page
|
|