Amor de Perdição by Camillo Castello Branco


Main
- books.jibble.org



My Books
- IRC Hacks

Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare

External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd

books.jibble.org

Previous Page | Next Page

Page 58

Fallou o aguazil � prelada, exigindo em nome do juiz de f�ra, que dois
medicos entrassem no convento a examinar a doente D. Thereza Clementina
de Albuquerque, a requerimento de seu pae.

Perguntou a prelada aos medicos se elles tinham a necessaria licen�a
ecclesiastica para entrarem em Monchique. � resposta negativa redarguiu
a abbadessa que as portas do convento n�o se abriam. Disseram os medicos
de Thadeu de Albuquerque que era aquelle o estylo dos mosteiros, e n�o
houve que redarguir � rigorosa prelada.

Sahiram, e o ferrador s� ent�o reflectiu no modo de entregar a carta, A
primeira ideia pareceu-lhe a melhor. Chegou ao ralo, e disse:

--� senhora freira!

--Que quer vocemec�?--disse a prelada.

--A senhora faz favor de dizer � senhora D. Therezinha de Vizeu, que
est� aqui o pae d'aquella rapariga da aldeia, que ella sabe?

--E quem � vocemec�?

--Sou o pae da tal rapariga que ella sabe.

--J� sei!--exclamou de dentro a voz de Thereza, correndo ao locutorio.

A prelada retirou-se a um lado, e disse:

--V� l� o que fazes, minha filha...

--A sua filha escreveu-me?--disse Thereza a Jo�o da Cruz.

--Sim, senhora, aqui est� a carta.

E depositou na roda a carta, em que a abbadessa reparou, e disse
sorrindo:

--Muito engenhoso � o amor, Therezinha... Permitta Deus que as noticias
da rapariga da aldeia te alegrem o cora��o; mas olha, filhinha, n�o
cuides que a tua velha tia � menos esperta que o _pae da rapariga da
aldeia_.

Thereza respondeu com beijos �s jovialidades carinhosas da santa
senhora, e sumiu-se a l�r a carta, e a responder-lhe. Entregando a
resposta, disse ella ao ferrador:

--N�o v� ahi sentada n'aquella escadinha uma pobre?

--Vejo, sim, senhora, e conhe�o-a. Como diabo veio aqui parar esta
mulher? Cuidei que depois da esfrega, que lhe deu o hortel�o, a
pobresita n�o tinha pernas que a c� trouxessem! A mulher pelos modos tem
fibras d'aquella casta!

--Falle baixo--tornou Thereza--Pois olhe... quando trouxer as cartas,
entregue-lh'as a ella, sim? Eu j� a mandei � cad�a; mas n�o a deixaram
l� entrar.

--Bem est�, e o arranjo n�o � mau assim. Fique com Deus, menina.

Esta boa nova alegrou Sim�o. A Providencia divina apied�ra-se d'elle
n'aquelle dia. O restaurar-se o juizo de Marianna, e a possibilidade de
corresponder-se com Thereza, eram as maximas alegrias, que podiam baixar
do ceu ao seu cerrado infortunio.

Exalt�ra-se Sim�o em gra�as a Deus, na presen�a de Jo�o da Cruz, que
arrumava no quarto uns moveis que compr�ra em segunda m�o, quando este,
suspendendo o trabalho, exclamou:

--Ent�o vou-lhe dizer outra coisa, que n�o tinha ten��o de lhe dizer,
para o apanhar de _s�peto_.

--Que �?

--A minha Marianna veio comigo, e ficou na estalagem, porque n�o se
podia bolir com d�res; mas �manh� ella c� est� para lhe fazer a cozinha
e varrer a casa.

Sim�o, reconcentrando o indefinivel sentimento que esta noticia lhe
caus�ra, disse com melancolica pausa:

Previous Page | Next Page


Books | Photos | Paul Mutton | Thu 25th Dec 2025, 0:06