Amor de Perdição by Camillo Castello Branco


Main
- books.jibble.org



My Books
- IRC Hacks

Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare

External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd

books.jibble.org

Previous Page | Next Page

Page 48

No dia seguinte, foi meu pae para o Porto, onde tinha muitos amigos na
Rela��o, e de l� para Lisboa[4].

Em principio de Mar�o de 1805 soube minha m�e com grande prazer que
Sim�o f�ra removido para as cad�as da Rela��o do Porto, vencendo os
grandes obstaculos que oppozera a essa mudan�a dos queixosos, que eram
Thadeu de Albuquerque, e as irm�s do morto.

Depois......�

Suspendemos aqui o extracto da carta, para n�o anticiparmos a narrativa
de successos, que importa, em respeito � arte, atar no fio cortado.

Sim�o Botelho vira imperturbavel chegar o dia do julgamento. Sentou-se
no banco dos homicidas sem patrono, nem testemunhas de defeza. �s
perguntas respondeu com o mesmo animo frio d'aquellas respostas ao
interrogatorio do juiz. Obrigado a explicar a causa do crime, deu-a com
toda a lealdade sem articular o nome de Thereza Clementina de
Albuquerque. Quando o advogado da accusa��o proferiu aquelle nome, Sim�o
Botelho ergueu-se de golpe, e exclamou:

--Que vem aqui fazer o nome de uma senhora a este antro de infamia e
sangue? Que miseravel accusador est� ahi, que n�o sabe com a confiss�o
do r�o provar a necessidade do carrasco sem enlamear a reputa��o d'uma
mulher? A minha accusa��o est� feita: eu a fiz: agora a lei que falle, e
cale-se o vill�o que n�o sabe accusar sem infamar.

O juiz imp�z-lhe silencio. Sim�o sentou-se, murmurando:

--Miseraveis todos!

Ouviu o r�o a senten�a de morte natural para sempre na forca arvorada no
local do delicto. E ao mesmo tempo sahiram d'entre a multid�o uns gritos
dilacerantes. Sim�o voltou a face para as turbas, e disse:

--Ides ter um bello espectaculo, senhores! A forca � a unica festa do
povo! Levai d'ahi essa pobre mulher que chora: essa � a creatura unica
para quem o meu supplicio n�o ser� um passatempo.

Marianna foi transportada em bra�os � sua casinha, na visinhan�a da
cad�a. Os robustos bra�os que a levaram eram os de seu pae.

Sim�o Botelho, quando, em toda a agilidade e for�a dos dezoito annos, ia
do tribunal ao carcere, ouviu algumas vozes que se alternavam d'este
modo:

--Quando vai elle a padecer?

--� bem feito! vai pagar pelos innocentes que o pae mandou enforcar.

--Queria apanhar a morgada � for�a de balas!

--N�o que estes fidalgos cuidam que n�o � mais sen�o matar!...

--Matasse elle um pobre, e tu verias como elle estava em casa!

--Tambem � verdade!

--E como elle vai de cara no ar!

--Deixa ir, que n�o tarda quem lh'a fa�a cahir ao ch�o!...

--Dizem que o carrasco j� vem pelo caminho.

--J� chegou de noite, e trazia dous cut�los n'uma coifa.

--Tu viste-o?

--N�o; mas disse a minha comadre que lh'o dissera a visinha do cunhado
da irm�, e que o carrasco est� escondido n'uma enxovia.

--Tu has de levar os teus pequenos a v�r o padecente?

--Pod�ra n�o! Estes exemplos n�o se devem perder.

--Eu c� de mim j� vi enforcar tres, que me lembre, todos por matadores.

--Por isso tu ha dois annos n�o atiraste com a vida do Amaro Lampreia a
casa do diabo!...

Previous Page | Next Page


Books | Photos | Paul Mutton | Mon 22nd Dec 2025, 9:10