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Page 46
--N�o quero ver lagrimas, Marianna--disse Sim�o--Aqui, se alguem deve
chorar sou eu; mas lagrimas dignas de mim, lagrimas de gratid�o aos
favores que tenho recebido de si e de seu pae. Acabo de saber que minha
m�e nunca me mandou dinheiro algum. Era de seu pae aquelle dinheiro, que
recebi.
Marianna escondeu o rosto no avental com que enxugava o pranto.
--Seu pae teve algum perigo?--tornou Sim�o em voz s� perceptivel d'ella.
--N�o, senhor.
--Est� em casa?
--Est�; e parece furioso. Queria vir aqui; mas eu n�o o deixei.
--Perseguiu-o alguem?
--N�o, senhor.
--Diga-lhe que n�o se assuste, e v� depressa socegal-o.
--Eu n�o posso ir sem fazer o que elle me disse. Eu vou sahir, e volto
d'aqui a pouco.
--Mande-me comprar uma banca, uma cadeira, e um tinteiro e papel--disse
Sim�o, dando-lhe dinheiro.
--Ha de vir logo tudo; j� c� podia estar; mas o pae disse-me que n�o
comprasse nada sem saber se sua familia lhe mandava o necessario.
--Eu n�o tenho familia, Marianna. Tome o dinheiro.
--N�o recebo dinheiro, sem licen�a de meu pae. Para essas compras trouxe
eu de mais. E a sua ferida como estar�?
--Ainda agora me lembro que tenho uma ferida!--disse Sim�o,
sorrindo--Deve estar boa, que n�o me d�e.... Soube alguma coisa da D.
Thereza?
--Soube que foi para o Porto. Estavam alli a contar que o pae a mand�ra
metter sem sentidos na liteira, e est� muito povo � porta do fidalgo.
--Est� bom, Marianna... N�o ha desgra�ado sem amparo. V�, pense no seu
hospede, seja o seu anjo de misericordia.
Saltaram de novo as lagrimas dos olhos da mo�a; e por entre solu�os,
estas palavras:
--Tenha paciencia. N�o ha de morrer ao desamparo. Fa�a de conta que lhe
appareceu hoje uma irm�.
E, dizendo, tirou das amplas algibeiras um embrulho de biscoutos e uma
garrafa de licor de canella, que dep�z sobre a cadeira.
--Mau almo�o �; mas n�o achei outra coisa prompta--disse ella, e sahiu
apressada, como para poupar ao infeliz palavras de gratid�o.
II.
O corregedor, n'esse mesmo dia, ordenou que se preparassem mulher e
filhas para no dia immediato sahirem de Vizeu, com tudo que podesse ser
transportado em cavalgaduras.
Vou transcrever a singela e dorida reminiscencia d'uma senhora d'aquella
familia, como a tenho em carta, recebida ha mezes:
�J� l� v�o cincoenta e sete annos, e ainda me lembro, como se fossem
hontem passados os tristes acontecimentos da minha mocidade. N�o sei
como � que tenho hoje mais clara a memoria das coisas da infancia.
Parece-me que, h� trinta annos, me n�o lembravam com tantas
circumstancias e promenores.
Quando a m�e disse a mim e a minhas irm�s que preparassemos os nossos
bahus, rompemos todas n'um ch�ro, que irritou a ira do pae. As manas,
como mais velhas ou mais affeitas ao castigo, calaram-se logo: eu,
por�m, que s� uma vez e unicamente por causa de Sim�o, tinha sido
castigada, continuei a chorar, e tive o innocente valor de pedir ao pae
que me deixasse ir v�r o mano � cad�a antes de sahirmos de Vizeu.
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