|
Main
- books.jibble.org
My Books
- IRC Hacks
Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare
External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd
|
books.jibble.org
Previous Page
| Next Page
Page 45
--V. s.^a est�-me julgando um miseravel, a quem d� cuidado saber onde ha
de almo�ar hoje. Penso que n�o incumbem ao senhor juiz de f�ra essas
miudezas de estomago.
--De certo n�o--redarguiu irritado o juiz---Fa�a o que quizer.
E, chamando o meirinho geral, entregou-lhe o r�o, dispensando o aguazil
de pedir for�a para acompanhal-o.
O carcereiro recebeu respeitosamente o pr�so, e alojou-o n'um dos
quartos melhores do carcere; mas n� e desprovido de tudo o carcere.
Um outro pr�so emprestou-lhe uma cadeira de pau. Sim�o sentou-se, cruzou
os bra�os, e meditou.
Pouco depois, um criado de seu pae conduziu-lhe o almo�o, dizendo-lhe
que sua m�e lh'o mandava a occultas, e entregando-lhe uma carta d'ella,
cujo conte�do importa saber. Sim�o, antes de tocar no almo�o, cujo cabaz
estava-no pavimento, leu o seguinte:
�Desgra�ado, que est�s perdido!
Eu n�o te posso valer, porque teu pae est� inexoravel. A occultas d'elle
� que te mando o almo�o, e n�o sei se poderei mandar-te o jantar!
Que destino o teu! Oxal� que tivesses morrido ao nascer!
Morto me disseram que tinhas nascido; mas o teu fatal destino n�o quiz
largar a victima [3].
Para que sahiste de Coimbra? a que vieste, infeliz? Agora sei que tens
vivido f�ra de Coimbra ha quinze dias, e nunca tiveste uma palavra que
dissesses a tua m�e!...�
Sim�o suspendeu a leitura, e disse entre si:
--Como se intende isto?! Pois minha m�e n�o mandou chamar Jo�o da Cruz!
E n�o foi ella quem me mandou o dinheiro?
--Olhe que o almo�o arrefece, menino!--disse o criado.
Sim�o continuou a ler, sem ouvir o criado:
�Deves estar sem dinheiro; e eu desgra�adamente n�o posso hoje enviar-te
um pinto. Teu irm�o Manoel, desde que fugiu para Hespanha, absorve-me
todas as economias. Veremos, passado algum tempo, o que posso fazer; mas
receio bem que teu pae saia de Vizeu, e nos leve para Villa Real, para
abandonar de todo o teu julgamento � severidade das leis.
Meu pobre Sim�o! Onde estarias tu escondido quinze dias?! Hoje mesmo �
que teu pae teve carta d'um lente, participando-lhe a tua falta nas
aulas, e sahida para o Porto, segundo dizia o arreeiro que te
acompanhou.
N�o posso mais. Teu pae j� espancou a Ritinha, por ella querer ir �
cad�a.
Conta com o pouco valor de tua pobre m�e ao p� d'um homem infurecido
como est� teu pae.�
Sim�o Botelho reflectiu alguns minutos, e convenceu-se de que o dinheiro
recebido era de Jo�o da Cruz. Quando sahiu com o espirito d'esta
medita��o, tinha os olhos marejados de lagrimas.
--N�o chore, menino;--disse o criado--os trabalhos s�o para os homens, e
Deus ha de fazer tudo pelo melhor. Almoce, senhor Sim�o.
--Leva o almo�o--disse elle.
--Pois n�o quer almo�ar?!
--N�o. Nem voltes aqui. Eu n�o tenho familia. N�o quero absolutamente
nada da casa de meus paes. Diz a minha m�e que eu estou socegado, bem
alojado, e feliz, e orgulhoso da minha sorte. Vai-te embora j�.
O criado sahiu, e disse ao carcereiro que o seu infeliz amo estava
doudo. D. Rita achou provavel a suspeita do servo e viu a evidencia da
loucura nas palavras do filho.
Quando o o carcereiro voltou ao quarto de Sim�o, entrou acompanhado
d'uma rapariga camponeza: era Marianna. A filha de Jo�o da Cruz que, at�
�quelle momento n�o apertava sequer a m�o do hospede, correu a elle com
os bra�os abertos, e o rosto banhado de lagrimas. O carcereiro
retirou-se, dizendo comsigo: �Esta � bem mais bonita que a fidalga!�
Previous Page
| Next Page
|
|