Amor de Perdição by Camillo Castello Branco


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Page 41

--Era uma filha unica, Balthazar!--dizia o velho, solu�ando.

--Pois por isso mesmo--replicou o sobrinho--Se tivesse outra, ser-lhe-ia
menos sensivel a perda, e menos funesta a desobediencia. Faria a sua
casa na filha mais querida, embora tivesse de impetrar uma licen�a regia
para desherdar a primogenita. Assim, agora n�o lhe vejo outro remedio
sen�o empregar o cauterio � chaga; com emplastros � que n�o se faz nada.

Abriu-se novamente a portaria, e sahiram as tres senhoras, e ap�s ellas
Thereza.

Thadeu enchugou as lagrimas, e deu alguns passos a saudar a filha, que
n�o ergueu do ch�o os olhos.

--Thereza...--disse o velho.

--Aqui estou, senhor--respondeu a filha, sem o encarar.

--Ainda � tempo--tornou Albuquerque.

--Tempo de qu�?

--Tempo de seres boa filha.

--N�o me accusa a consciencia de o n�o ser.

--Ainda mais?!... Queres ir para tua casa, e esqueceres o maldito que
nos faz a todos desgra�ados?

--N�o, meu pae. O meu destino � o convento. Esquec�l-o nem por morte.
Serei filha desobediente, mas mentirosa � que nunca.

Thereza, circumvagando os olhos, viu Balthazar, e estremeceu,
exclamando:

--Nem aqui!

--Falla comigo, prima Thereza?--disse Balthazar, risonho.

--Comsigo fallo! Nem aqui me deixa a sua odiosa presen�a?

--Sou um dos criados que minha prima leva em sua companhia. Dois tinha
eu ha dias, dignos de acompanharem a minha prima; mas esses houve ahi um
assassino que m'os matou. � falta d'elles, sou eu que me offere�o.

--Dispenso-o da delicadeza--atalhou Thereza com vehemencia.

--Eu � que me n�o dispenso de a servir, � falta dos meus dois fieis
criados, que um scelerado me matou.

--Assim devia ser--tornou ella tambem ironica--porque os covardes
escondem-se nas costas dos criados, que se deixam matar.

--Ainda se n�o fizeram as contas finaes..., minha querida
prima--redarguiu o morgado.

Este dialogo correu rapidamente, em quanto Thadeu de Albuquerque
cortejava a prioreza e outras religiosas. As quatro senhoras, seguidas
de Balthazar, tinham sahido do atrio do convento, e deram de rosto em
Sim�o Botelho, encostado � esquina da rua fronteira.

Thereza viu-o.... adivinhou-o, primeira de todas, e exclamou:

--Sim�o!...

O filho do corregedor n�o se moveu.

Balthazar, espavorido do encontro, fitando os olhos n'elle, duvidava
ainda.

--� crivel que esse infame aqui viesse!--exclamou o de Castro-d'Aire.

Sim�o deu alguns passos, e disse placidamente:

--_Infame..._ eu! e porqu�?

--Infame, e infame assassino!--replicou Balthazar--J� f�ra da minha
presen�a!

--� parvo este homem!--disse o academico--Eu n�o discuto com s. s.^a...
Minha senhora--disse elle a Thereza com a voz commovida e o semblante
alterado unicamente dos affectos do cora��o--Soffra com resigna��o, da
qual eu lhe estou dando um exemplo. Leve a sua cruz, sem amaldi�oar a
violencia, e bem p�de ser que a meio caminho do seu calvario a
misericordia divina lhe redobre as for�as.

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Books | Photos | Paul Mutton | Sun 21st Dec 2025, 19:06