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Page 39
Sim�o fit�ra os olhos chammejantes nos do ferrador, e Marianna
exclam�ra, ajuntando as m�os sobre o seio:
--Meu pae! n�o lhe d� esses conselhos!...
--Cala-te ah�, rapariga!--disse mestre Jo�o--vai tirar o albard�o �
egua, amanta-a, e bota-lhe s�cco. N�o �s aqui chamada.
--N�o v� afflicta, senhora Marianna--disse Sim�o � mo�a, que se retirava
amargurada.--Eu n�o aproveito algum dos conselhos de seu pae. Ou�o-o com
boa vontade, porque sei que quer o meu bem; mas hei de fazer o que a
honra e o cora��o me aconselhar.
Ao anoitecer, Sim�o, como estivesse s�sinho, escreveu uma longa carta,
da qual extractamos os seguintes periodos:
�Considero-te perdida, Thereza. O sol de �manh� p�de ser que eu o n�o
veja. Tudo, em volta de mim, tem uma c�r de morte. Parece que o frio da
minha sepultura me est� passando o sangue e os ossos.
N�o posso ser o que tu querias que eu fosse. A minha paix�o n�o se
conforma com a desgra�a. Eras a minha vida: tinha a certeza de que as
contrariedades me n�o privavam de ti. S� o receio de perder-te me mata.
O que me resta do passado � a coragem de ir buscar uma morte digna de
mim e de ti. Se tens for�a para uma agonia lenta, eu n�o posso com ella.
Poderia viver com a paix�o infeliz; mas este rancor sem vingan�a � um
inferno. N�o hei de dar barata a vida, n�o. Ficar�s sem mim, Thereza;
mas n�o haver� ahi um infame que te persiga depois da minha morte. Tenho
ciumes de todas as tuas horas. Has de pensar com muita saudade no teu
esposo do ceu, e nunca tirar�s de mim os olhos da tua alma para v�res ao
p� de ti o miseravel que nos matou a realidade de tantas esperan�as
formosas.
Tu ver�s esta carta quando eu j� estiver n'um outro mundo, esperando as
ora�es das tuas lagrimas. As ora�es! Admiro-me d'esta faisca de f� que
me alumia nas minhas tr�vas!... Tu d�ras-me com o amor a religi�o,
Thereza. Ainda creio; n�o se apaga a luz que � tua; mas a providencia
divina desamparou-me.
Lembra-te de mim. Vive, para explicares ao mundo, com a tua lealdade a
uma sombra, a raz�o por que me attrahiste a um abysmo. Escutar�s com
gloria a voz do mundo, dizendo que eras digna de mim.
� hora em que leres esta carta............�
N�o o deixaram continuar as lagrimas, nem depois a presen�a de Marianna.
Vinha ella p�r a mesa para a ceia, e quando desdobrava a toalha, disse
em voz abafada, como se a si mesma s�mente o dissesse:
--� a ultima vez que ponho a mesa ao senhor Sim�o em minha casa!
--Porque diz isso, Marianna?
--Porque m'o diz o cora��o.
D'esta vez o academico ponderou supersticiosamente os dictames do
cora��o da mo�a, e com o silencio meditativo deu-lhe a ella a evidencia
anticipada do vaticinio.
Quando voltou com a travessa da gallinha, vinha chorando a filha de Jo�o
da Cruz.
--Chora com pena de mim, Marianna?--disse Sim�o enternecido.
--Choro, porque me parece que o n�o tornarei a v�r; ou, se o vir, ser�
de modo que oxal� que eu morresse antes de o v�r.
--N�o ser�, talvez, assim, minha amiga...
--V. s.^a n�o me faz-uma coisa que eu lhe pe�o?...
--Veremos o que pede, menina.
--N�o saia esta noite, nem �manh�.
--Pede o impossivel, Marianna. Hei de sahir, porque me mataria se n�o
sahisse.
--Ent�o perd�e a minha ousadia. Deus o tenha de sua m�o.
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