|
Main
- books.jibble.org
My Books
- IRC Hacks
Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare
External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd
|
books.jibble.org
Previous Page
| Next Page
Page 35
Sim�o lan�ou-se f�ra do leito, e chamou Jo�o da Cruz. N'aquelle aperto
queria ouvir uma voz, queria poder chamar amigo a um homem, que lhe
estendesse m�o capaz de apertar o cabo d'um punhal. O ferrador ouviu a
historia, e deu o seu voto: �esperar at� v�r�. Sim�o repelliu a
prudencial frieza do confidente, e disse que partia para Vizeu
immediatamente.
Marianna estava alli; ouvira a confidencia, e ach�ra acertada a opini�o
de seu pae. Vendo, por�m, a impaciencia do hospede, pediu licen�a para
fallar onde n�o era chamada, e disse:
--Se o senhor Sim�o quer, eu vou � cidade, e procuro no convento a
Brito, que � uma rapariga minha conhecida, mo�a d'uma freira, e dou-lhe
uma carta sua para entregar � fidalga.
--Isso � possivel, Marianna?!--exclamou Sim�o, a ponto de abra�ar a
mo�a.
--Pois ent�o!--disse o ferrador--o que p�de fazer-se, faz-se. Vai-te
vestir, rapariga, que eu vou botar o albard�o � �gua.
Sim�o sentou-se a escrever. T�o embaralhadas lhe acudiam as ideias, que
n�o atinava a formar o designio mais proveitoso � situa��o de ambos. Ao
cabo de longa vacilla��o, disse a Thereza que fugisse � hora do dia,
quando a porta estivesse aberta, ou violentasse a porteira a abrir-lh'a.
Dizia-lhe que marcasse ella a hora do dia seguinte em que elle a devia
esperar, com cavalgaduras para a fuga. Em recurso extremo, promettia
assaltar com homens armados o mosteiro, ou incendial-o para se abrirem
as portas. Este programma era o mais parecido com o espirito do
academico: em vivo fogo estava aquella pobre cabe�a! Fechada a carta,
come�ou a passear em torcicolos, como se obedecesse a desencontrados
impulsos. Encravava as unhas na cabe�a, e arrancava os cabellos n'ellas.
Marrava como cego contra as paredes, e sentava-se um momento para
erguer-se de mais furioso impeto. Machinalmente aferrava das pistolas, e
sacudia os bra�os vertiginosos. Abria a carta para rel�l-a, e estava a
ponto de rasgal-a, cuidando que iria tarde, ou n�o lhe chegaria �s m�os.
N'este conflicto de contrarios projectos, entrou Marianna, e muito
allucinado devia de estar Sim�o para lhe n�o dar f� das lagrimas.
O que tu soffrias, nobre cora��o de mulher pura! Se o que fazes por esse
mo�o � gratid�o ao homem que salvou a vida de teu pae, que rara virtude
a tua! Se o amas, se por lhe dar allivio �s d�res, tu mesma lhe
desempeces o caminho por onde te elle ha de fugir para sempre, que nome
darei � tua virtude! que anjo te fadou o cora��o para a santidade d'um
obscuro martyrio!
--Estou prompta, disse Marianna.
--Aqui tem a carta, minha boa amiga. Fa�a muito por n�o vir sem
resposta--disse Sim�o, dando-lhe com a carta um embrulho de dinheiro.
--E o dinheiro tamb�m � para a senhora?--disse ella.
--N�o, � para si, Marianna: compre um annel.
Marianna tomou a carta, e voltou rapidamente as costas, para que Sim�o
lhe n�o visse o gesto de despeito, se n�o despr�so.
O academico n�o ousou insistir, vendo-a apressar-se na descida para o
quinteiro, onde o ferrador enfreava a egua.
--N�o lhe chegues muito com a vara--disse Jo�o da Cruz a Marianna, que,
d'um pulo, se assentou no albard�o, coberto d'uma colxa escarlate.--Tu
vaes amarella como cidra, mo�a!--exclamou elle reparando na pallidez da
mo�a--Tu que tens?
--Nada; que hei de eu ter?! d�-me c� a vara, meu pae.
A egua partiu a galope, e o ferrador, no meio da estrada, a rever-se na
filha e na egua, dizia em soliloquio, que Sim�o ouvira:
--Vales tu mais, rapariga, que quantas fidalgas tem Vizeu! Pela mais
pintada n�o dava eu a minha egua; e, se c� viesse o Mira-Molim de
Marrocos pedir-me a filha, os diabos me levem se eu lh'a dava! Isto �
que s�o mulheres, e o mais � uma historia!
X.
Previous Page
| Next Page
|
|