|
Main
- books.jibble.org
My Books
- IRC Hacks
Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare
External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd
|
books.jibble.org
Previous Page
| Next Page
Page 30
--Isso s�o sonhos, Marianna...
--S�o sonhos, s�o; mas eu nunca sonhei nada que n�o acontecesse. Quando
meu pae matou o almocreve, tinha eu sonhado que o via a dar um tiro
n'outro homem; antes de minha m�e morrer, acordei eu a chorar por ella,
e mais ainda viveu dois mezes... A gente da cidade ri-se dos sonhos; mas
Deus sabe o que isto �... Ahi vem meu pae... Senhor dos Passos! n�o v�
ser alguma m� nova!...
Jo�o da Cruz entrou com uma carta que receb�ra da pobre do costume. Em
quanto Sim�o leu a carta escripta do convento, Marianna fitou os seus
grandes olhos azues no rosto do academico, e a cada contrac��o da fronte
d'elle, angustiava-se-lhe a ella o cora��o. N�o teve m�o da sua ancia, e
perguntou:
--� noticia m�!
--Tu �s muito atrevida, rapariga!--disse Jo�o da Cruz.
--N�o �, n�o--atalhou o estudante.--N�o � m� a noticia, Marianna. Senhor
Jo�o, deixe-me ter na sua filha uma amiga, que os desgra�ados � que
sabem avaliar os amigos.
--Isso � verdade; mas eu n�o me atrevia a perguntar o que a carta diz.
--Nem eu perguntei, meu pae; foi porque me pareceu que o senhor Sim�o
estava afflicto quando lia.
--E n�o se enganou--tornou o doente, voltando-se para o ferrador.--O pae
arrastou Thereza ao convento.
--Sempre � patife d'uma vez!--disse o ferrador, fazendo com os bra�os
instinctivamente um movimento de quem aperta entre as m�os um pesco�o.
N'este lance um observador perspicaz veria luzir nos olhos de Marianna
um clar�o de innocente alegria.
Sim�o sentou-se, e escreveu sobre uma cadeira, que Thereza
espontaneamente lhe chegou, dizendo:
--Em quanto escreve, vou olhar pelo caldinho, que est� a ferver.
�� necess�rio arrancar-te d'ahi--dizia a carta de Sim�o.--Esse convento
ha de ter uma evasiva. Procura-a, e diz-me a noite e a hora em que devo
esperar-te. Se n�o pod�res fugir, essas portas h�o de abrir-se diante da
minha c�lera. Se d'ahi te mandarem para outro convento mais longe,
avisa-me, que eu irei s�sinho, ou acompanhado, roubar-te ao caminho. �
indispensavel que te refa�as de animo para te n�o assustarem os arrojos
da minha paix�o. �s minha; n�o sei de que me serve a vida se a n�o
sacrificar a salvar-te. Creio em ti, Thereza, creio. Ser-me-has fiel na
vida e na morte. N�o soffras com paciencia; lucta com heroismo. A
submiss�o � uma ignominia, quando o poder paternal � uma affronta.
Escreve-me a toda a hora que possas. Eu estou quasi bom. Diz-me uma
palavra, chama-me, e eu sentirei que a perda do sangue n�o diminue as
for�as do cora��o.�
Sim�o pediu a sua carteira, tirou dinheiro em prata, deu-o ao ferrador,
e recommendou-lhe que o entregasse � pobre com a carta.
Depois ficou relendo a de Thereza, e recordando-se da resposta que d�ra.
Mestre Jo�o foi � cosinha, e disse a Marianna:
--Desconfio d'uma coisa, rapariga.
--Que �, meu pae?
--O nosso doente est� sem dinheiro.
--Porqu�? o pae como sabe isso?
--� que elle pediu-me a carteira para tirar dinheiro, e ella pezava
tanto como uma bexiga de porco cheia de vento. Isto bole-me c� por
dentro! Queria offerecer-lhe dinheiro, e n�o sei como ha de ser...
--Eu pensarei n'isso, meu pae--disse Marianna reflectindo.
--Pois sim; cogita l� tu, que tens melhores ideias que eu.
--E se o pae n�o quizer bolir nos seus quatrocentos, eu tenho aquelle
dinheiro dos meus bezerros; s�o onze moedas d'ouro menos um quarto.
Previous Page
| Next Page
|
|