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Page 26
A velha distendeu os bei�os matizados de meandros de esturrinho liquido,
e regougou:
--_Hum!_... est� feito, est� feito!... Ainda n�o s�o das peores; mas, se
fossem melhores, n�o se perdia nada... Ora vamos a isto, menina; aqui
tem duas pernas de gallinha, e um caldo que o podem comer os anjos.
--Eu n�o c�mo nada, minha senhora--disse Thereza.
--Ora essa! n�o come nada!? Ha de comer; sem comer ninguem resiste.
Paix�es!... que as leve o porco-sujo!... As mulheres � que ficam
logradas, e elles n�o tem que perder!... Que eu c� de mim, at� ao
presente, Deus louvado, n�o sei o que sejam paix�es; mas quem tem
cincoenta e cinco annos de convento, tem muita experiencia do que v�
penar �s outras doidibanas. E para n�o ir mais longe, estas duas, que
d'aqui sahiram, tem pagado bem o seu tributo � asneira, Deus me perd�e
se p�cco. A organista tem j� os seus quarenta bons, e ainda vai ao
locutorio derreter-se em finezas; a outra, apesar de ser mestra de
novi�as � falta d'outra que quizesse s�l-o, se eu lhe n�o andasse com o
olho em cima, estragava-me as raparigas...
Este edificante discurso de caridade foi interrompido pela madre escriv�
que vinha, palitando os dentes, pedir � prelada um copinho de certo
vinho estomacal com que todas as noites era brindada.
--Estava eu a dizer a esta menina as pe�as que s�o a organista e a
mestra--disse a prioreza.
--Oh! s�o para o que lhe eu prestar! L� foram ambas para a cella da
porteira. A esta hora est� a menina a ser cortada por aquellas linguas,
que n�o perdoam a ninguem.
--Vaes tu v�r se ouves alguma coisa, minha fl�r?--disse a prelada.
A escriv�, contente da miss�o, foi imperceptivelmente ao longo dos
dormitorios at� parar a uma porta que n�o vedava o ruido estridente das
risadas.
No entanto dizia a prelada a Thereza:
--Esta escriv� n�o � m� rapariga: s� tem o defeito de se tomar da
pinguleta; depois n�o ha quem a ature. Tem uma boa ten�a, mas gasta tudo
em vinho, e tem occasi�es de entrar no c�ro a fazer _ss_, que � mesmo
uma desgra�a. N�o tem outro defeito; � uma alma lavada, e amiga da sua
amiga. � verdade que �s vezes... (aqui a prelada ergueu-se a escutar nos
dormitorios, e fechou por dentro a porta) � verdade que, �s vezes,
quando anda azuratada, d� por paus e por pedras, e descobre os defeitos
das suas amigas. A mim j� ella me assacou um aleive, dizendo que eu,
quando sahia a ares, n�o ia s� a ares, e andava por l� a fazer o que
fazem as outras. Forte pouca vergonha! L� que outra fallasse, v�; mas
ella, que tem sempre uns namorados pandilhas que bebem com ella na
grade, isso l� me custa; mas, emfim, n�o ha ninguem perfeito!... Boa
rapariga � ella... Se n�o fosse aquelle maldito vicio...
Como tocasse ao c�ro n'esta occasi�o, a veneranda prioreza bebeu o
segundo calice do vinho estomacal, e disse a Thereza que a esperasse um
quarto de hora, que ella ia ao c�ro, e pouco se demoraria. Tinha ella
sahido, quando a escriv� entrou a tempo que Thereza, com as m�os abertas
sobre a face, dizia em si: �Um convento, meu Deus! isto � que � um
convento!�
--Est� s�sinha?--disse a escriv�.
--Estou, minha senhora.
--Pois aquella grosseira vai-se embora, e deixa uma hospeda s�sinha? Bem
se v� que � filha de funileiro!... Pois tinha tempo de ter pr�tica do
mundo, que tem andado por l� que farte... Pois eu havia de ir ao c�ro;
mas n�o vou para lhe fazer companhia, menina.
--V�, v�, minha senhora, que eu fico bem s�sinha--disse Thereza, com a
esperan�a de poder desafogar em lagrimas a sua afflic��o.
--N�o vou, n�o!... A menina aqui estarrecia de m�do; mas a prelada n�o
tarda ahi. Ella, se p�de escapar-se do c�ro, n�o p�ra l� muito tempo. A
apostar que ella lhe esteve a fallar mal de mim?
--N�o, minha senhora, pelo contrario...
--Ora diga a verdade, menina! Eu sei que esta cegonha n�o falla bem de
ninguem. Para ella tudo s�o libertinas e bebadas.
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