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Page 25
--N�o diga minha senhora--atalhou a escriv�.
--Como hei de dizer?
--Diga �nossa madre prioreza.�
--Pois sim, nossa madre prioreza, disse eu que me sentia aqui muito bem.
--Mas quem vem para estas casas de Deus n�o vem para se sentir
bem--tornou a nossa madre prioreza.
--N�o?!--disse Thereza com sincera admira��o.
--Quem para aqui vem, menina, ha de mortificar o espirito, e deixar l�
f�ra as paix�es mundanas. Ora pois! Aqui est� a nossa madre mestra de
novi�as, a quem compete encaminhal-a e dirigil-a.
Thereza n�o redarguiu: fez um gesto de respeito � mestra de novi�as, e
seguiu o caminho que a prelada lhe ia indicando.
A nossa madre entrou nos seus aposentos, e disse a Thereza que era sua
hospeda em quanto alli estivesse; e ajuntou que n�o sabia se seu pae
escolheria aquelle convento ou outro.
--Que importa que seja um ou outro?--disse Thereza.
--� conforme. Seu pae p�de querer que a menina professe em ordem rica
das bentas ou bernardas.
--Professe!--exclamou Thereza.--Eu n�o quero ser freira aqui, nem
n'outra parte.
--A senhora ha de ser o que seu pae quizer que seja.
--Freira!? a isso n�o p�de ninguem obrigar-me!--recalcitrou Thereza.
--Isso assim �--retorquiu a prioreza--mas como a menina tem de noviciado
um anno, sobra-lhe tempo para se habituar a esta vida, e ver� que n�o ha
vida mais descansada para o corpo, nem mais saudavel para a alma.
--Mas a nossa madre--tornou Thereza, sorrindo, como se a ironia lhe
fosse habitual--j� disse que a estas casas ninguem vem para se sentir
bem...
--� um modo de fallar, menina. Todos temos as nossas mortifica�es e
obriga�es de c�ro e de servi�os para que nem sempre o espirito est� bem
disposto. Ora v�s-a-hi. Mas em compara��o do que l� vai pelo mundo, o
convento � um paraizo. Aqui n�o ha paix�es nem cuidados que tirem o
somno, nem a vontade de comer, bemdito seja o Senhor! Vivemos umas com
as outras, como Deus com os anjos. O que uma quer, querem todas. M�s
linguas � coisa que a menina n�o ha de achar aqui, nem intriguistas, nem
murmura�es de soalheiro. Emfim, Deus far� o que f�r servido. Eu vou �
cosinha buscar a ceia da menina, e j� volto. Aqui a deixo com a senhora
madre organista, que � uma pomba, e com a nossa mestra de novi�as, que
sabe dizer melhor que eu o que � a virtude n'estas santas casas.
Apenas a prioreza voltou costas, disse a organista � mestra de novi�as:
--Que grande impostora!
--E que estupida!--acudiu a outra.--A menina n�o se fie n'esta
trapalhona, e veja se seu pae lhe d� outra companhia em quanto c�
estiver, que a prioreza � a maior intriguista do convento. Depois que
fez sessenta annos, falla das paix�es do mundo como quem as conhece por
dentro e por f�ra. Em quanto foi nova, era a freira que mais escandalos
dava na casa; depois de velha era a mais ridicula, porque ainda queria
amar e ser amada; agora, que est� decrepita, anda sempre este mostrengo
a fazer miss�es, e a curar indigest�es.
Thereza, apesar de sua d�r, n�o p�de reprimir uma risada, lembrando-se
da _vida de Deus com anjos_ que as esposas do Senhor alli viviam, no
dizer da madre prioreza.
Pouco depois entrou a prelada com a ceia, e sahiram as duas freiras.
--Que lhe pareceram as duas religiosas que ficaram com a menina?--disse
ella a Thereza.
--Pareceram-me muito bem.
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