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Page 23
Na tarde d'esse dia recebeu Sim�o a seguinte carta de Thereza:
�Deus permitia que tenhas chegado sem perigo a casa d'essa boa gente. Eu
n�o sei o que se passa, mas ha coisa mysteriosa que eu n�o posso
adivinhar. Meu pae tem estado toda a manh� fechado com o primo, e a mim
n�o me deixa sahir do quarto. Mandou-me tirar o tinteiro; mas eu
felizmente estava prevenida com outro. Nossa Senhora quiz que a pobre
viesse pedir esmola debaixo da janella do meu quarto; sen�o eu nem tinha
modo de lhe dar signal para ella esperar esta carta. N�o sei o que ella
me disse. Fallou-me em criados mortos; mas eu n�o pude entender... Tua
mana Rita est�-me acenando por traz dos vidros do teu quarto...
Disse-me tua mana que os mo�os de meu primo tinham apparecido mortos
perto da estrada. Agora j� sei tudo. Estive para lhe dizer que tu ahi
est�s; mas n�o me deram tempo. Meu pae de hora a hora d� passeios no
corredor, e solta uns ais muito altos.
� meu querido Sim�o, que ser� feito de ti?... Estar�s tu ferido? Serei
eu a causa da tua morte?
Diz-me o que souberes. Eu j� n�o pe�o a Deus sen�o a tua vida. Foge
d'esses sitios; vai para Coimbra, e espera que o tempo melhore a nossa
situa��o.
Tem confian�a n'esta desgra�ada, que � digna da tua dedica��o.... Chega
a pobre: n�o quero demoral-a mais... Perguntei-lhe se se dizia de ti
alguma coisa, e ella respondeu que n�o. Deus o queira.�
Respondeu Sim�o a querer tranquillisar o animo de Thereza. Do seu
ferimento fallava t�o de passagem, que dava a supp�r que nem o curativo
era necessario. Promettia partir para Coimbra logo que o podesse fazer
sem receio de Thereza soffrer na sua ausencia. Animava-a a chamal-o,
assim que as amea�as de convento passassem a ser realisadas.
Entretanto Balthazar Coutinho, chamado �s authoridades judiciarias para
esclarecer a devassa instaurada, respondeu que effectivamente os homens
mortos eram seus criados, de quem elle e sua familia se acompanh�ra de
Castro-d'Aire. Accrescentou que n�o sabia que elles tivessem inimigos em
Vizeu, nem tinha contra alguem as mais leves presump�es.
Os mais proximos visinhos da localidade, onde os cadaveres tinham
apparecido, apenas depunham que, alta noite, tinham ouvido dois tiros ao
mesmo tempo, e outro, pouco depois. Um apenas adiantava coisa que n�o
podia alumiar a justi�a, e vinha a ser que o mato, nas visinhan�as do
local, f�ra chapotado. N'esta escuridade a justi�a n�o podia dar passo
algum.
Thadeu de Albuquerque era connivente no attentado contra a vida de Sim�o
Botelho. F�ra seu o alvitre, quando o sobrinho denunciou a causa das
sahidas frequentes de Thereza, na noite do baile. Tanto ao velho como ao
morgado convinha apagar algum indicio que podesse envolv�l-os no
mysterio d'aquellas duas mortes. Os criados n�o mereciam a pena d'um
desfor�o que implicasse o desdouro de seus amos. Provas contra Sim�o
Botelho n�o podiam adduzil-as. �quella hora o suppunham elles a caminho
de Coimbra, ou refugiado em casa de seu pae. Restava-lhes ainda a
esperan�a de que elle tivesse sido ferido, e fosse acabar longe do local
em que o tinham assaltado.
Em quanto a Thereza, resolveu Albuquerque encerral-a n'um convento do
Porto, e escolheu Monchique, onde era prioreza uma sua proxima parenta.
Escreveu � prelada para lhe preparar aposentos, e ao seu procurador para
negociar as licen�as ecclesiasticas para a entrada. Todavia, receando o
velho algum incidente no espa�o de tempo que medeava at� se conseguirem
as licen�as, resolveu n�o ter comsigo Thereza, e solicitou a reten��o
temporaria d'ella n'um convento de Vizeu.
Acab�ra Thereza de l�r e esconder no seio a resposta de Sim�o Botelho,
que a pobre lhe envi�ra ao escurecer, pendente de uma linha, quando o
pae entrou no seu quarto, e a mandou vestir-se. A menina obedeceu,
tomando uma capa e um len�o.
--Vista-se como quem �: lembre-se que ainda tem os meus
appellidos--disse com severidade o velho.
--Cuidei que n�o era preciso vestir-me melhor para sahir �
noite...--disse Thereza.
--E a senhora sabe para onde vai?
--N�o sei... meu pae.
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