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Page 22
--O qu�?--redarguiu o ferrador--v. s.^a saber� muito, mas de justi�a n�o
sabe nada, e ha de perdoar o meu atrevimento. Basta uma s� testemunha
para guiar a justi�a na devassa. �s duas por tres, uma testemunha de
vista, e quatro de ouvir dizer, com o fidalgo de Castro-d'Aire a mexer
os pausinhos, � forca certa, como dois e dois serem quatro.
--Eu n�o digo nada; n�o me matem, que eu nem torno a ir para
Castro-d'Aire--exclamou o homem.
--Deixe-o ficar, Jo�o da Cruz... vamos embora...
--Isso!--acudiu o ferrador--chame-me Jo�o da Cruz, para este maroto
ficar bem certo de que sou o Jo�o da Cruz!... Com effeito, n�o sei o que
me parece v. s.^a querer deixar com vida um alma do diabo que lhe deu um
tiro para o matar!
--Pois sim, tem voc� raz�o; mas eu n�o sei castigar miseraveis que me
n�o resistem.
--E se elle o tivesse matado, castigava-o? Responda a isto, senhor
doutor!
--Vamos embora--tornou Sim�o--deixemos para ahi esse miseravel.
Mestre Jo�o scismou alguns momentos, co�ando a cabe�a, e resmungou com
descontentamento:
--Vamos l�... Quem o seu inimigo poupa, nas m�os lhe morre.
Tinham j� sahido do plaino e saltado a tapada, e iam descendo para a
estrada, quando o ferrador exclamou:
--L� me ficou a minha clavina encostada � sebe. V�o indo, que eu venho
j�.
O arreeiro conduzia o cavallo, que pacificamente estivera tozando a
relva das paredes marginaes da estrada, quando Sim�o ouviu gritos.
Conjecturou com certeza o que era.
--O Jo�o l� est� a fazer justi�a!--disse o arreeiro. Deix�l-o l�, meu
amo, que elle � homem que sabe o que faz.
Jo�o da Cruz appareceu d'ahi a pouco, limpando com fentos o pod�o
ensanguentado.
--Voc� � cruel, senhor Jo�o!--disse o academico.
--N�o sou cruel--disse o ferrador--o fidalgo est� enganado comigo; � que
diz l� o dictado, morrer por morrer, morra meu pae que � mais velho.
Tanto faz matar um como dois. Quando se est� com a m�o na massa, tanto
faz amassar um alqueire como tres. As obras devem ser acabadas, ou ent�o
o melhor � n�o se metter a gente n'ellas. Agora, levo a minha
consciencia socegada.
A justi�a que prove, se quizer; mas n�o ha de ser por que lh'o digam
aquelles dois que eu mandei de presente ao diabo.
Sim�o teve um instante de horror do homicida, e de arrependimento de se
ter ligado com tal homem.
VII.
O ferimento de Sim�o Botelho era melindroso de mais para obedecer
promptamente ao curativo do ferrador, enfronhado em aphorismos de
alveitaria. A bala pass�ra-lhe de revez a por��o muscular do bra�o
esquerdo; mas algum vaso importante romp�ra, que n�o bastavam compressas
a vedar-lhe o sangue. Horas depois de ferido, o academico deitou-se
febril, deixando-se medicar pelo ferrador. O arreeiro partiu para
Coimbra, encarregado de espalhar a noticia de ter ficado no Porto Sim�o
Botelho.
Mais que as d�res e os receios da amputa��o, o mortificava a ancia de
saber novas de Thereza. Jo�o da Cruz estava sempre de sobre-rolda,
precavido contra algum procedimento judicial por suspeitas d'elle. As
pessoas que vinham de feirar na cidade contavam todas que dois homens
tinham apparecido mortos, e constava serem criados d'um fidalgo de
Gastro-d'Aire. Ninguem, por�m, ouvira imputar o assassinio a
determinadas pessoas.
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