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Page 2
N�o vedes venal incenso
Por astuta m�o queimado;
Fallo, Senhor, como penso;
Eu sei quanto he respeitado
O Erud�to S�o Louren�o;
Eu sei bem o alto conceito,
E as geraes estima�es,
Que todos de v�s tem feito;
Oi�o ternas express�es,
Filhas de amor, e respeito;
Do bom Irm�o, e Sobrinhos
Oi�o tod'ora louvar-vos;
Oi�o-lhes doces carinhos;
De poderem agradar-vos
Dezej�o achar caminhos;
Vosso Irm�o, e pregoeiro
Ordena, como sizudo,
Ao Illustre Neto, e Herdeiro,
Que das Sciencias no estudo
Vai dar o passo primeiro,
Se encoste a v�s, sem desvio,
Qual ao Choupo Hera silvestre;
Que em Artes, virtude, e brio,
Mais, do que as regras do Mestre,
Siga os dictames do Tio;
Com que gosto oi�o, e contemplo,
Dizer-lhe = Se ao bem te inclinas,
Segue-o no estudo, e no Templo;
Elle te d� as doutrinas;
Elle te sirva de Exemplo.
Mas sigo inutil empreza,
Pois sabeis quaes s�o seus peitos,
Mistura-se esta fineza
Com os sagrados direitos
Do sangue, e da natureza;
Todo o mundo, em vosso abono,
P�e na boca os cora�es,
E delles vos chama dono;
Oi�o mil acclama�es
Desde a plebe at� ao Throno;
A geral estima��o
Nos arma de authoridade;
Vinde p�r nesta obra a m�o,
E dai-me felicidade,
Como me dais instruc��o;
Sabeis a fundo, e de c�r,
Tudo quanto ha bom, escrito;
Juntai extremos, Senhor;
Ao homem mais erud�to,
Juntai o mais bemfeitor.
Pois sabeis da Antiguidade
Prozas sans, e s� poezia,
Deveis sentir mais piedade;
Quem tem mais filozofia,
V� melhor a humanidade:
Que eu nesta fresca espessura,
Entre estes Loiros sagrados,
Sentado sobre a verdura,
Cantarei Versos limados
A quem me fez ter ventura.
Deixarei em mil letreiros
O vosso Nome entalhado
Nos troncos destes Loureiros;
Possa elle ser respeitado
Do negro vento, e chuveiros;
Ramos sobre elle estendendo,
Dafne no seu peito o tome;
E eu, doces hymnos tecendo,
Verei ir o tronco, e o Nome
T� �s Estrellas crescendo.
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