Obras poéticas by Nicolau Tolentino


Main
- books.jibble.org



My Books
- IRC Hacks

Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare

External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd

books.jibble.org

Previous Page | Next Page

Page 1

Pois na vida lhe ado�astes
De seu fado a m� ventura,
E n�o vos envergonhastes,
Quando a fria sepultura
Com as lagrimas lhe honrastes;

Se os seus Versos sonorozos
Inda repetis com m�goa;
E pensamentos saudozos
Vos trazem aos olhos agua,
Que os deixa, Senhor, formozos;

Hoje, outro triste vos fa�a
Nascer iguaes sentimentos;
Com os vossos p�s se abra�a;
N�o tem os mesmos talentos;
Mas tem a mesma desgra�a;

Nascido em baixa pobreza,
Quiz buscar huma Colu'na,
Foi sempre baldada a empreza,
Achou ingrata a fortuna,
Inda mais, que a natureza.

Em v�o paternal ternura
Com vivo z�lo me assiste;
Foi trabalho sem ventura;
Crescia no Filho triste,
Com a idade, a desventura;

Das boas Artes no estudo
Bom Pai empenhar-me quiz;
Tra�ava o velho sizudo
Que fosse hum Filho feliz
Dos outros Filhos o escudo;

For�o seus intentos v�os;
Zombou desgra�a importuna
Destes pensamentos s�os;
Para vencer a fortuna
N�o ha lagrimas, nem m�os;

Cortado ent�o de agonias,
S� esperei ter ventura,
Quando envolto em cinzas frias
Escondesse a sepultura
Meu nome, e meus tristes dias;

E em quanto o vento forceja,
E no mar, que em flor rebenta,
Meu fraco lenho veleja,
Demando, em tanta tormenta,
Por porto a Casa de Angeja;

Surgi em lugar seguro,
Onde achei mil acolhidos;
Clareou o dia escuro;
E meus molhados vestidos
Pelas paredes penduro;

De meu fado a for�a dura
Foi hum pouco enfraquecendo;
E ainda que em sombra escura,
Vem-me ao longe apparecendo
O bom rosto da Ventura;

Vossos Sobrinhos me d�o
(Porque de meus males sabem)
Principios de protec��o;
Mandai-lhe que em mim acabem
Esta obra da sua m�o.

Mandai, que apressem o passo,
Que inda longe a m�ta vejo,
Pois nas supplicas que fa�o,
N�o se vence com dezejo,
Vence-se � forca de bra�o;

Mandai, pois tendes direito,
Que o turvo mar arrostando,
A' corrente ponh�o peito;
Fallai, Senhor, que em fallando,
O vosso mandado he feito.

Previous Page | Next Page


Books | Photos | Paul Mutton | Thu 25th Apr 2024, 11:07