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Page 23
O velho estalajadeiro d'oculos, uma av� andrajosa que eu vira no pateo
deitando ao ar um papagaio de papel, os arreeiros mongoes, as crian�as
piolhosas, esses tinham desapparecido; s� fic�ra um velho, bebedo
d'opio, cahido a um canto como um fardo. F�ra ouvia-se j� a multid�o
vociferar.
Interpellei ent�o S�-t�, que quasi desmaiava, arrimado a uma viga: n�s
estavamos sem armas; os dois cossacos, s�s, n�o podiam repellir o
assalto: era necessario pois ir acordar o Mandarim governador,
revelar-lhe que eu era um amigo de Camilloff, um conviva do principe
Tong, intimal-o a que viesse dispersar a turba, manter a lei santa da
hospitalidade!...
Mas S�-t� confessou-me, n'uma voz debil como um s�pro, que o Governador
de certo � quem estava dirigindo o assalto! Desde as authoridades at�
aos mendigos, a fama da minha riqueza, a legenda das carretas carregadas
d'oiro inflamm�ra todos os appetites!... A prudencia ordenava, como um
mandamento santo, que abandonassemos parte dos thesouros, mulas, caixas
de comestiveis...
--E ficar aqui, n'esta ald�a maldita, sem camisas, sem dinheiro e sem
mantimentos?...
--Mas com a rica vida, Vossa Honra!
Cedi. E ordenei a S�-t� que fosse prop�r � turba uma copiosa
distribui��o de sapeques,--se ella consentisse em recolher aos seus
casebres, e respeitar em n�s os hospedes enviados por Buddha...
S�-t� subiu � sacada da galeria, a tremer; e rompeu logo a arengar �
malta, bracejando, atirando as palavras com a violencia d'um c�o que
ladra. Eu abrira j� uma maleta, e ia-lhe passando cartuchos, saccos de
sapeques--que elle arremessava aos punhados com um gesto de semeador...
Em baixo havia por momentos um tumulto furioso ao chover dos metaes;
depois um lento suspiro de gula satisfeita; e logo um silencio, n'uma
suspens�o _de quem espera mais_...
--Mais!--murmurava S�-t�, voltando-se para mim ancioso.
Eu, indignado, l� lhe dava outros cartuchos, mais r�los, m�lhos de
moedas de meio real enfiadas em cordeis... J� a maleta estava vazia. A
turba rugia, insaciada.
--Mais, Vossa Honra!--supplicou S�-t�.
--N�o tenho mais, creatura! O resto est� em Pekin!
--Oh Buddha Santo! Perdidos! Perdidos!--chamou S�-t�, abatendo-se sobre
os joelhos.
A popula�a, calada, esperava ainda. De repente, uma ulula��o selvagem
rasgou o ar. E eu senti aquella massa avida arremessar-se sobre as
carretas que defendiam a porta em semi-circulo: ao choque todo o
madeiramento da _Estalagem da Consola��o terrestre_ rangeu e oscillou...
Corri � varanda. Em baixo era um tropel desesperado em torno dos carros
derrubados: os machados reluziam cahindo sobre a tampa dos caixotes: o
coiro das malas abria-se fendido � faca por m�os innumeraveis: no
alpendre, os cossacos debatiam-se, aos urros, sob o cutelo. Apesar da
lua, eu via em roda do barrac�o errarem tochas, n'uma dispers�o de
fagulhas: um alarido rouco elevava-se, fazendo ao longe uivar os c�es; e
de todas as viellas desembocava, corria popula�a, sombras ligeiras,
agitando chu�os e foices recurvas...
Subitamente, na loja terrea, ouvi o tumulto da turba que a invadia pelas
portas despeda�adas: de certo me procuravam, suppondo que eu teria
commigo o melhor do thesouro, pedras preciosas ou oiros... O terror
desvairou-me. Corri a uma grade de bamb�s para o lado do pateo.
Demoli-a, saltei sobre uma camada de matto grosso, n'um cheiro acre de
immundicies. O meu poney, preso a uma trave, relinchava, puxando
furiosamente o cabresto: arremessei-me sobre elle, empolguei-lhe as
crinas...
N'esse momento, do port�o da cozinha arrombada rompia uma horda com
lanternas, lan�as, n'um clamor de delirio. O poney, espantado, salta um
regueiro; uma flecha silva a meu lado; depois um tijolo bate-me no
hombro, outro nos rins, outro na anca do poney, outro mais grosso
rasga-me a orelha! Agarrado desesperadamente �s crinas, archejando, com
a lingua de f�ra, o sangue a gottejar da orelha, vou despedido n'uma
desfilada furiosa ao longo d'uma lua negra... De repente vejo diante de
mim a muralha, um basti�o, a porta da villa fechada!
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