|
Main
- books.jibble.org
My Books
- IRC Hacks
Misc. Articles
- Meaning of Jibble
- M4 Su Doku
- Computer Scrapbooking
- Setting up Java
- Bootable Java
- Cookies in Java
- Dynamic Graphs
- Social Shakespeare
External Links
- Paul Mutton
- Jibble Photo Gallery
- Jibble Forums
- Google Landmarks
- Jibble Shop
- Free Books
- Intershot Ltd
|
books.jibble.org
Previous Page
| Next Page
Page 22
Antes que escurecesse fui v�r com S�-t� a villa: mas bem depressa fugi
ao fedor abominavel das viellas: tudo se me afigurou ser negro--os
casebres, o ch�o barrento, os enxurros, os c�es famintos, a popula�a
abjecta... Recolhi ao albergue--onde arreeiros mongoes e crian�as
piolhosas me miravam com assombro.
--Toda esta gente me parece suspeita, S�-t�--disse eu, franzindo a
testa.
---Tem Vossa Honra raz�o. � uma ral�! Mas n�o ha perigo: eu matei, antes
de partirmos, um gallo negro, e a deusa Kaonine deve estar contente.
P�de Vossa Honra dormir ao abrigo dos maus espiritos... Quer Vossa Honra
o ch�?...
--Traze, S�-t�.
Bebido o ch�, convers�mos do _grande plano_: na manh� seguinte eu a
levar a alegria � triste choupana da viuva de Ti-Chin-F�,
annunciando-lhe os milh�es que lhe dava, depositados j� em Pekin:
depois, de accordo com o Mandarim governador, fariamos uma copiosa
distribui��o de arroz pela popula�a: e � noite illumina�es, dan�as como
n'uma gala publica...
--Que te parece, S�-t�?
--Nos labios de Vossa Honra habita a sabedoria de Confucio... Vai ser
grande! Vai ser grande!
Como vinha can�ado, bem c�do comecei a bocejar, e estirei-me sobre o
estrado de tijolo aquecido que serve de leito nas estalagens da China;
enrolado na minha pelli�a, fiz o signal da cruz, e adormeci pensando nos
bra�os brancos da generala, nos seus olhos verdes de sereia...
Era talvez j� meia noite quando despertei a um rumor lento e surdo que
envolvia o barrac�o--como de forte vento n'um arvoredo, ou uma maresia
grossa batendo um pared�o. Pela galeria aberta, o luar entrava no
quarto, um luar triste d'outono asiatico, dando aos drag�es suspensos do
tecto f�rmas, semelhan�as chimericas...
Ergui-me, j� nervoso--quando um vulto, alto e inquieto, appareceu na
facha luminosa do luar...
--Sou eu, Vossa Honra!--murmurou a voz apavorada de S�-t�.
E logo, agachando-se ao p� de mim, contou-me n'um fluxo de palavras
roucas a sua afflic��o:--emquanto eu dormia, espalh�ra-se pela villa que
um estrangeiro, o _Diabo estrangeiro_, cheg�ra com bagagens carregadas
de thesouros... J� desde o come�o da noite elle tinha entrevisto faces
agudas, d'olho voraz, rondando o barrac�o, como chacaes impacientes... E
orden�ra logo aos koulis que entrincheirassem a porta com os carros das
bagagens, formados em semi-circulo � velha maneira tartara... Mas pouco
a pouco a malta crescera... Agora vinha d'espreitar por um postigo: e
era em roda da estalagem toda a popula�a de Tien-H�, rosnando
sinistramente... A deusa Kaonine n�o se satisfizera com o sangue do
gallo preto!... Al�m d'isso elle vira � porta d'um Pagode uma cabra
negra recuar!... A noite ser�a de terrores!... E sua mulher, o osso do
seu osso, que estava t�o longe, em Pekin!...
--E agora, S�-t�?--perguntei eu.
--Agora... Vossa Honra! Agora...
Calou-se: e a sua magra figura tremia, aca�apada como um c�o que se roja
sob o a�oite.
Eu afastei o cobarde, e adiantei-me para a galeria. Em baixo, o muro
fronteiro, coberto d'um alpendre, projectava uma funda sombra. Ahi com
effeito estava uma turba negra apinhada. �s vezes uma figura,
rastejando, adiantava-se no espa�o alumiado, espreitava, farejava as
carretas, e sentindo a lua sobre a face, recuava vivamente, fundindo-se
na escurid�o: e como o tecto do alpendre era baixo, faiscava um momento
� luz algum ferro de lan�a inclinada...
--Que querem voss�s, canalha?--bradei eu em portuguez.
A esta voz estrangeira um grunhido sahiu da treva; immediatamente uma
pedra veio ao meu lado furar o papel encerado da gelosia; depois uma
flecha silvou, cravou-se por cima da minha cabe�a, n'um barrote...
Desci rapidamente � cozinha da estalagem. Os meus koulis, acocorados
sobre os calcanhares, batiam o queixo n'um terror; e os dois cossacos
que me acompanhavam, impassiveis � lareira, cachimbavam, com o sabre n�
nos joelhos.
Previous Page
| Next Page
|
|