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Page 20
As manh�s do fim d'agosto em Pekin s�o muito suaves; j� erra no ar um
enternecimento outonal. A essa hora o conselheiro Meriskoff, os
officiaes da lega��o, estavam sempre na chancellaria _fazendo a mala_
para S. Petersburgo.
Eu ent�o, de leque na m�o, pisando subtilmente na ponta das babouches de
setim as ruasinhas areadas do jardim, ia entreabrir a porta do _Repouso
discreto_:
--Mimi?
E a voz da generala respondia, suave como um beijo:
--_All right_...
Como ella era linda vestida de dama chineza! Nos seus cabellos
levantados alvejavam fl�res de pecegueiro; e as sobrancelhas pareciam
mais puras e negras avivadas a tinta de Nankin. A camisinha de gaze,
bordada a soutache de filigrana d'oiro, collava-se aos seus seios
pequeninos e direitos: vastas, f�fas cal�as de foulard c�r de _c�xa de
Nympha_, que lhe davam uma gra�a de serralho, recahiam sobre o tornoz�lo
fino, coberto de meia de seda amarella:--e apenas tres dedos da minha
m�o cabiam na sua chinelinha...
Chamava-se Vladimira; nascera ao p� de Nidji-Novogorod; e f�ra educada
por uma tia velha que admirava Rousseau, lia Faublas, usava o cabello
empoado, e parecia a grossa lithographia cossaca d'uma dama galante de
Versalhes...
O sonho de Vladimira era habitar Paris; e fazendo ferver delicadamente
as folhas de ch�, pedia-me historias ladinas de _Cocottes_, e dizia-me o
seu culto por Dumas filho...
Eu arrega�ava-lhe a larga manga do casabeque de s�da c�r de folha morta,
e ia fazendo viajar os meus labios devotos pela pelle fresca dos seus
bellos bra�os;--e depois sobre o divan, enla�ados, peito contra peito,
n'um extasi mudo, sentiamos as laminas de crystal resoar eoliamente, as
p�gas azues esvoa�arem pelos platanos, o fugitivo rhythmo do arroio
corrente...
Os nossos olhos humedecidos encontravam �s vezes um quadro de setim
preto, por cima do divan, onde em caracteres chinezes se desenrolavam
senten�as do Livro Sagrado de Li-Num �sobre os deveres das esposas�. Mas
nenhum de n�s percebia o chinez... E no silencio os nossos beijos
recome�avam, espa�ados, soando d�cemente, e comparaveis (na lingua
florida d'aquelles paizes) a perolas que cahem uma a uma sobre uma bacia
de prata...--Oh suaves s�stas dos jardins de Pekin, onde estaes v�s?
Onde estaes, folhas mortas dos lirios escarlates do Jap�o?...
* * * * *
Uma manh� Camilloff entrando na chancellaria, onde eu fumava o cachimbo
d'amizade de companhia com Meriskoff, atirou o seu enorme sabre para um
canap�, e contou-nos radiante as noticias que lhe dera o penetrante
principe Tong.--Descobrira-se emfim que um opulento Mandarim, de nome
Ti-Chin-F�, vivera outr'ora nos confins da Mongolia, na villa de
Tien-H�! Tinha morrido subitamente: e a sua larga descendencia residia
l�, em miseria, n'um casebre vil...
Esta descoberta, � certo, n�o f�ra devida � sagacidade da burocracia
imperial--mas fizera-a um astrologo do templo de Faqua, que durante
vinte noites folhe�ra no c�o o luminoso archivo dos astros...
--Theodoro, ha-de ser o seu homem!--exclamou Camilloff.
E Meriskoff repetiu, sacudindo a cinza do cachimbo:
--Ha-de ser o seu homem, Theodoro!
--O meu homem...--murmurei sombriamente.
Era talvez o _meu homem_, sim! Mas n�o me seduzia ir procurar o _meu
homem_ ou a sua familia, na monotonia d'uma caravana, por essas
desoladas extremidades da China!... Depois, desde que cheg�ra a Pekin,
eu n�o torn�ra a avistar a f�rma odiosa de Ti-Chin-F� e do seu papagaio.
A Consciencia era dentro em mim como uma pomba adormecida. Certamente, o
alto esfor�o de me ter arrancado �s do�uras do _boulevard_ e do Loreto,
de ter sulcado os mares at� ao Imp�rio do Meio, parecera � Eterna
Equidade uma expia��o sufficiente e uma peregrina��o reparadora.
Certamente Ti-Chin-F�, acalmado, recolhera-se com o seu papagaio �
sempiterna Immobilidade... Para que iria eu, pois, a Tien-H�? Porque n�o
ficaria alli, n'aquelle amavel Pekin, comendo nenufares em calda
d'assucar, abandonando-me �s somnolencias amorosas do _Repouso
discreto_, e pelas tardes azuladas, dando o meu passeio pelo bra�o do
bom Meriskoff, nos terra�os de jaspe da Purifica��o ou sob os cedros do
Templo do C�o?...
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