Chronica d'El-Rei D. Affonso III by Ruy de Pina


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Page 2

Criado de V. Excellencia

_Miguel Lopes Ferreira_




*AMIGO LEITOR*

N�o me podes accuzar de falto de palavra, pois v�s que te dou agora a
Chronica del-Rei D. Affonso III que foi o Quinto Rei desta Monarchia. De
serem breves as narra�es das suas vidas, e summamente compendiadas as
noticias dos seus governos, n�o tenho eu a culpa, tem-na os Chronistas
que, ou n�o quizeram, ou n�o souberam. Tudo podia ser, porque a falta em
semelhante materia procede umas vezes de n�o haver quem informe, e
outras de n�o escreverem, o que todos sabem. Donde nasce que deste
principio experimentamos o dano, porque desprezaram escrever o que era
sabido, e desta sorte padecemos uma involuntaria ignorancia. Cazou este
Principe em Fran�a donde esteve, e assistiu alguns annos, e sendo
impossivel que n�o fizesse naquelle tempo ac�es dignas da sua pessoa,
ou na paz, ou na guerra, tudo ficou sepultado em um profundo silencio,
de que s�o reos os que escreveram primeiro. Ainda depois de nomeado
Governador de Portugal, e ainda depois de ser Rei n�o houve aquelle
cuidado nas penas dos Chronistas, que merecia a sua politica, que n�o
foi nesta grande arte inferior aos maiores. L�, e espera que brevemente
te busque com a Chronica de seu filho o famoso Rei D. Diniz.

_Vale._




LICEN�AS

DO

SANTO OFFICIO


Vistas as informa�es, pode-se imprimir a Chronica de que se trata, e
depois de impressa tornar� para se conferir, e dar licen�a que corra,
sem a qual n�o correr�. Lisboa Occidental o primeiro de Outubro de 1726.

_Fr. Lancastre. Cunha. Teixeira. Silva. Cabedo._


DO ORDINARIO

Vista a informa��o, pode-se imprimir a Chronica de que se trata, e
depois de impressa tornar� para se conferir, e dar licen�a que corra,
sem a qual n�o correr�. Lisboa Occidental 4 de Outubro de 1726.

_D. J. A. L._


DO PA�O

_Approva��o do Doutor Manuel de Azevedo Soares, Cavalleiro professo na
Ordem de Christo, do Dezembargo de Sua Magestade, Desembargador da Casa
da Supplicac�o, Juiz dos Contos do Reino, e Caza, Academico da Academia
Real da Historia Portugueza, &c._


SENHOR

Esta Chronica del-Rei D. Affonso III que pertende imprimir Miguel Lopes
Ferreira ass�s recomenda��o tinha em o nome de seu Author para facilitar
a licen�a que se pede: porque sendo Ruy de Pina Chronista de t�o grande
opini�o, por ella s�, ficavam approvadas as suas obras, sendo superfluos
todos os encomios com que justamente se podiam encarecer.[1] N�o falta
com tudo quem affirme que nem todas as obras, que se divulgam por suas,
o s�o. E se em alguma p�de ter lugar a conjectura de que o n�o seja, �
esta uma dellas ao que parece; porque sem passar do Capitulo terceiro,
se encontra uma inverosimilidade, certamente muito alhea do entendimento
de t�o grande homem. Diz que sabendo a Condessa de Bolonha Mathilde, que
seu marido era obedecido por Rei pacificamente, e n�o sabendo nada do
seu cazamento, confiando, que se elle a visse, a trataria, e honraria
como sua verdadeira mulher, aprestara Naos, e que bem acompanhada, e com
um filho, que se disse ter do dito seu marido, se embarcara para este
Reino, e chegando a Cascaes donde soubera logo, que elle estava em
Friellas, e cazado com outra mulher, recebendo grande indigna��o, e
tristesa, arrependida de ter vindo, especialmente depois de saber da
condi��o da segunda mulher, tomando parecer, mand�ra dous Cavalleiros
principais dos que trazia comsigo, para que participassem a El-Rei a sua
vinda, e a sua queixa; e pela reposta, que trouxeram, se voltara para
Fran�a, deixando o filho, segundo diziam uns, e que por certa lembran�a
achara, o havia levado comsigo, e que depois o mandara a este Reino, com
outras mais circumstancias, que se referem no dito Capitulo. N�o reparo
em que fa�a men��o de filho, e nem ainda que a Conde�a tomasse a
resolu��o de vir a este Reino sem premeditar as contingencias do
successo, como se foi assim, lhe mostrou a experiencia, porque muitos
Historiadores seguiram aquella tradi��o com circumstancias mais
inverosimeis; cujo erro se acha novamente refutado com demonstra�es, e
authoridades evidentes, pelo eruditissimo Academico o P. D. Joseph
Barbosa.[2] Reparo s�mente em que se diga, que a Conde�a n�o sabia nada
do cazamento de seu marido, porque demais de se affirmar o contrario por
muitos Historiadores, sendo aquelle cazamento t�o escandaloso, e sendo a
grandeza dos delinquentes, a que mais vulgariza os seus delictos,[3]
como � crivel o ignorasse a Conde�a; e mais por ser entre pessoas de t�o
alta jerarquia; com instrumentos de dote publicos, e havendo t�o pouca
distancia para a noticia, como de Portugal a Fran�a. Quando ainda os
segredos dos Principes, mais reconditos, est�o sugeitos � infidilidade
dos mesmos a que se confiam,[4] se obrigava a um tal excesso, o seu
affecto, sendo deste inseparavel a desconfian�a,[5] como � verosimil, se
lhe ocultase a sua offensa.[6] Disto sem duvida se origina o pouco
credito, que tem muitas historias, porque devendo ser a verdade o seu
essencial fundamento,[7] notando-se-lhes algum erro em parte
regularmente perdem a f� de todo.[8] E ainda que pelo Historiador a que
foram commettidas as memorias deste Monarcha na Real Academia, que V.
Magestade instituio para que resuscitassem na memoria dos seculos
futuros, aquelles heroes, que sendo na vida esclarecidos, os escureceu a
morte, sepultando-os nas tenebrosas urnas de um ingrato esquecimento[9]
se restituir� de todo � verdade aquelle successo, conforme a empresa da
mesma Academia: com tudo sendo na opini�o de Santo Augustinho util que
se publiquem livros repetidos sobre a mesma materia, com diversidade de
estylo,[10] ainda me parece se p�de conceder a licen�a, que se pede,
sendo V. Magestade servido, porque sempre ficar� illesa a fama do Author
da Historia, na opini�o dos que o conhecem, distinguindo na obra o que
p�de ser parto do seu entendimento. Lisboa Occidental 20 de Julho de
1727.

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Books | Photos | Paul Mutton | Sun 2nd Feb 2025, 13:40